Como ensinar as crianças sobre cooperação?
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Incentivo à colaboração promove a busca de soluções mais criativas e democráticas para problemas comuns no ambiente escolar e na vida.
Nesse texto você vai encontrar:
- O que é cooperação
- Como ensinar as crianças sobre cooperação
- Quais os desafios para os educadores
A criatividade é uma das dez competências gerais da educação básica, conforme orienta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Dar importância a essa habilidade é essencial, seja nas escolas ou na vida em sociedade, uma vez que ela é considerada ferramenta crucial para que crianças, jovens e adultos desenvolvam maneiras de encarar a realidade e de solucionar problemas.
As transformações sociais que aconteceram no século passado e, em especial na última década, trouxeram grandes desafios para as pessoas dentro e fora da escola.
Inúmeras pesquisas e dados públicos revelam o acirramento da desigualdade social no Brasil e no mundo, uma crise ambiental e climática, mudanças significativas nas relações de trabalho e transformações tecnológicas e de processos de comunicação muito rápidos.
Com um olhar sistêmico não apenas para a própria gestão, mas também para a comunidade em que está inserida, a Mercur, indústria que está há 100 anos em Santa Cruz do Sul, vem repensando há algum tempo o seu papel na educação.
Hoje o sentido de bem-estar das pessoas e a capacidade de ajudá-las em seus próprios contextos é que definem a criação dos produtos e serviços da empresa, que busca cada vez mais ser local para causar menos impactos e promover a geração de empregabilidade e renda na região em que está inserida.
Na Mercur há um entendimento de que promover ambientes cooperativos e de cocriação é promover a criatividade e a autonomia das pessoas que, juntas, são capazes de criar e construir soluções melhores, mais justas e mais acessíveis para todos.
Como incluir e cultivar a cultura da cooperação na escola
A educadora Raquel Franzim, coordenadora de educação do Instituto Alana e co-coordenadora do programa Escolas Transformadoras, iniciativa da Ashoka correalizada no Brasil pelo Alana, ressalta que a cultura da cooperação é hoje um elemento essencial nos ambientes de aprendizagem.
“Não por preparar as pessoas para o mercado de trabalho, porque infelizmente as habilidades sociais às vezes são vistas apenas como atributos, mas por atender e educar seres humanos que, entre outras coisas, também podem vir a ser trabalhadores. É diferente a gente formar pessoas para o mercado e formar pessoas que vão trabalhar, que serão seres integrais e que por isso necessitam de um cultivo e uma aprendizagem da interdependência entre as pessoas, a natureza, a vida”, ressalta.
Ela considera que para se alcançar um melhor quadro de bem estar social para todos, o grande desafio é cada vez mais abraçar soluções que não passam apenas pela lógica individual.
Qual o desafio para os educadores?
Segundo ela, é neste contexto muito maior que a escola, que a cooperação e o trabalho em equipe se colocam. O desafio dos educadores, então, passa a ser compreender de que maneira o ambiente escolar dialoga de verdade com a vida, como faz para inserir estes diálogos e práticas no seu dia a dia.
“Essa escola que dá conta apenas de uma dimensão de conhecimento e não dialoga com os desafios das pessoas, os desafios de viver, de ter acesso a direitos humanos básicos, de construir soluções juntos para os problemas de escassez de recursos naturais, precisa reconhecer o quanto antes a interdependência de fatores sociais, econômicos, políticos e ambientais. Não existem conquistas de aprendizagem para todos se apenas alguns prosperam, se apenas o paradigma individual prospera”, ressalta.
Raquel usa como exemplo a questão ambiental para reforçar que não existe mudança climática apenas para um grupo da sociedade. É um problema que atinge a todos, apesar de alguns sofrerem com maior impacto.
Segundo a educadora, uma escola transformadora precisa fazer um uso cuidadoso e ético de recursos físicos e naturais.
Qual é o segredo para a cooperação?
A educadora defende que para que a cooperação funcione é preciso exercitar papeis diferentes.
“Por que cada um precisa ter um lápis se a gente pode ter alternância de funções na atividade? Em um momento eu vou escrever, em outro vou falar, num outro eu preciso decidir com meu colega o que é prioridade, depois a gente vai apresentar para a turma. Esse paradigma de que todo mundo tem que fazer a mesma coisa, ao mesmo tempo, com as mesmas coisas, é insustentável do ponto de vista do planeta. A gente precisa de alternância, de diversidade, de pluralidade e dentro da escola isso passa pelo reconhecimento de que não é preciso um volume de materiais.”
Ela acredita que se aprende a cooperar dividindo o material, encontrando soluções para os recursos que são escassos e finitos, dividindo a mesa, dividindo livros e brinquedos.
E que neste cenário, dentro e fora da escola, todos os adultos têm uma responsabilidade muito grande: a de não achar que o seu filho precisa de todas as coisas.
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