Benefícios do esporte para a saúde integral de pessoas com deficiência física
Tempo estimado de leitura: 17 minutos
Conheça conquistas e desafios de quem vive com uma deficiência física e não abre mão da prática esportiva
Neste texto você vai encontrar:
- Importância do esporte para saúde física e mental
- A presença do esporte na vida de pessoas com deficiência
- Desafios enfrentados pelos esportistas com deficiência
Praticar esportes traz inúmeros benefícios para a saúde do corpo e da mente. A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física moderada por semana para pessoas adultas, isso representa de 20 a 25 minutos por dia.
Se para a saúde física a prática esportiva é importante, para a saúde mental ela se torna essencial. Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine, fruto de pesquisa realizada pela University of South Australia (UniSA), aponta que quem se exercita regularmente apresenta uma redução dos sintomas de depressão e ansiedade.
E quando falamos de pessoas que vivem com alguma deficiência? Qual o impacto da prática esportiva na saúde integral, que engloba o bem-estar físico, mental, social e emocional de uma pessoa?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, PNAD, apresentada em 2023, aponta que 18,6 milhões de pessoas de dois anos ou mais vivem com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,9% da população brasileira nesta faixa etária.
A prática esportiva realizada por pessoas com deficiência se destaca no Brasil através das Paralimpíadas. A edição realizada em Paris, em 2024, contou com a participação de 280 atletas brasileiros e resultou em 89 medalhas para o país, terminando na 5ª posição no ranking geral.
O esporte como ferramenta para superar limitações
Exemplo de atleta que se supera diariamente é o velejador Lars Grael. Com incontáveis premiações, ele conquistou duas medalhas de bronze nas Olimpíadas, em Seul 1988 e Atlanta 1996, representando o Brasil na vela.
Em 1998 sofreu um acidente em Vitória, Espírito Santo, quando uma lancha invadiu a área de competição e bateu em seu barco, ocasionando na perda da sua perna direita.
Após o acidente, ele se dedicou ao esporte através da política, sendo convidado em 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para ser Secretário Nacional de Esportes, no Ministério do Esporte e do Turismo. Posteriormente, retornou à prática exclusiva da vela.
Para Lars, a prática esportiva foi essencial em sua vida. Ele acredita que, seja com foco na alta performance, participando de competições em nível profissional ou apenas para manter a qualidade de vida, a atividade física é sempre benéfica para a saúde física e mental, em especial de pessoas com deficiência.
“O esporte tem um poder libertador e gera perspectivas nas pessoas que vivem com deficiência, de comprovar sua eficiência física para além das limitações”, afirma Lars.
Para que a prática se torne segura, eficiente e inclusiva, ele destaca que faz da parte da implantação de políticas públicas o acesso de pessoas com deficiência à educação, saúde, e principalmente ao direito à mobilidade.
Recursos e acessórios adequados fazem parte deste direito à mobilidade, que afeta diretamente a saúde física e mental. Lars Grael utiliza as ponteiras para muletas da Mercur, projetadas para garantir segurança e estabilidade durante a caminhada.
Como o esporte colabora com a saúde mental de pessoas com deficiência?
Outro exemplo é o do tenista gaúcho Maurício Scota que sempre teve uma forte ligação com a prática esportiva, mesmo antes do acidente de trânsito que ocasionou a perda da sua perna esquerda.
O atleta paralímpico já foi nadador pelo clube Grêmio Náutico União, praticou crossfit e hoje compete pelo Tênis em Cadeira de Rodas.
“Essa descoberta na modalidade que estou, foi devido a gostar de assistir jogos em campeonatos e ter curiosidade de experimentar, para ver como iria me sair”, explica o atleta paralímpico.
Os benefícios da prática esportiva para a saúde mental e física foram comprovados na prática por Maurício, que conta que foi a atividade física que o ajudou a superar os momentos de maior dificuldade.
“O esporte foi fundamental para que eu pudesse passar pela pior fase da minha vida, com a recuperação de um acidente grave e a aceitação pessoal”, conta Maurício, que utiliza suporte para ombro e joelheira Mercur durante seus treinos.
Inclusão no esporte através de recursos adequados
Jéssica Paula, comunicadora, atleta e embaixadora da Mercur, viu no esporte uma forma de se conectar com seu corpo e testar limites. Uma paixão que avançou aos poucos, de forma natural.
“Como vivo com deficiência desde a infância, comecei a testar meus limites como uma forma de descobrir o mundo e entender o que consigo fazer no meu dia a dia também. Me recordo da primeira vez que consegui subir em uma árvores, por exemplo. Foi uma conquista e tanto para uma criança que caminhava com andador”, relata.
Ela explica que aumentar o nível dos desafios em suas práticas esportivas foi uma forma de conhecer a deficiência com a qual vive, e que isso influenciou direta e positivamente sua saúde física e mental.
Jessica Paula, que foi a primeira pessoa com paraplegia a escalar o Pão de Açúcar, ressalta a importância do uso de recursos adequados, a fim de garantir a segurança dos atletas. Segundo ela, o ideal é buscar uma inclusão real no esporte, sem que o atleta tenha que fazer “gambiarras”, que tornam a atividade desconfortável ou insegura, impedindo o alto rendimento na atividade.
“Qualquer pessoa que pratica esporte quer sentir que está em movimento, que está progredindo, aumentando sua autoestima, confiança e criando uma sensação de “querer mais”, buscando melhoria sempre. Esse desempenho só é possível com uso de materiais adequados. Caso contrário, ou o atleta se sentirá estagnado ou irá se lesionar”, opina Jessica.
Como o esporte fortalece a inclusão?
Para além dos benefícios ao corpo e à mente, o tenista Maurício Scota passou a participar de competições esportivas e criar novos ciclos de convivência, que segundo ele, o ajudaram a entender seu propósito de vida.
“E após todas essas etapas passadas, entendi que obviamente tenho algumas limitações, mas tento fazer todas as tarefas de forma independente e, assim, crio a cada dia mais confiança e segurança que tudo o que estou fazendo um dia vai dar certo”, relata.
A atleta explica que a criação de um ambiente inclusivo no esporte traz para as pessoas que vivem com alguma deficiência a sensação de pertencimento. Como embaixadora da Mercur, ela explica como essa parceria é importante para promoção da inclusão de outras pessoas que desejam começar nas práticas esportivas.
“Fazer parte de um time que fabrica as extensões do meu corpo traz uma sensação de pertencimento, que nunca experimentei antes. As muletas são parte da minha vida desde a infância. Se não fossem elas, sequer sairia da cama. Por isso, poder contribuir com a disseminação de conhecimento sobre ferramentas que nos proporcionam essa liberdade é o que me faz levantar da cama. Ser ponte para que outras pessoas com deficiência também sintam essa autonomia e descubram como conquistar sua independência é o que me move hoje”, relata.
Ela ressalta também como a cocriação entre os profissionais da Mercur, esportistas e pessoas que vivem com deficiência é um ponto crucial para criar produtos que atendam às necessidades.
“Acredito que o caminho para fazer a inclusão acontecer na prática é justamente a forma com que a Mercur vem trabalhando: ouvindo as pessoas que utilizam seus produtos e cocriando soluções. E isso se reflete na qualidade de cada peça que é construída”, conclui.
Você receberá uma resposta em breve.
Deixe um comentário