Qual o segredo para uma empresa alcançar os 100 anos?

Se manter no mercado por muito tempo exige escolhas e decisões muitas vezes difíceis de serem tomadas por organizações de diferentes tamanhos. Abrir mão se torna um elemento essencial para novas etapas de crescimento das empresas que, com a tendência ESG, passaram a olhar para além dos dados e objetivos financeiros.

Perto de completar 100 anos, uma marca que apenas 0,01% das empresas brasileiras atingem, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo, a Mercur surgiu inicialmente com o conserto de pneus e se dedicou, ao longo dos anos, a produtos que tinham a borracha como base. Ao longo de sua história, a indústria de Santa Cruz do Sul já lançou inúmeros produtos, até que, em 2007, durante um processo de consultoria, veio o seguinte questionamento: “Qual é o nosso papel no mundo como uma indústria?”.

A partir dessa pergunta incômoda foram pensadas novas formas de modelo de negócio, com uma gestão responsável – agora focada no “nós” e não no “eu” – e, principalmente, pensando no futuro do planeta. Assim, se estabeleceram conceitos ESG, que consideram governança, os impactos ao meio ambiente e à sociedade, em todas as etapas da produção. Também se incluem os impactos no contato com as pessoas colaboradoras e, principalmente, na entrega feita para o consumidor e para o planeta.

“Pensamos qual seria o nosso legado, qual o nosso papel na sociedade? Negócio não é só ganhar dinheiro, e a Mercur vem provando desde essa Virada de Chave que é possível fazer negócios pensando no ser humano, no meio ambiente, pensando nas pessoas”, afirma Cassiano Ricardo Kappaun, coordenador de Engajamentos da Mercur.

Virada de Chave com produção sustentável e menos impacto

Foi em 2009 que a Mercur decidiu abrir mão de linhas de produtos para focar em um portfólio de produtos menor, com menos impacto, e sustentável ambientalmente. Repensar e remodelar a logística de produção, para diminuir a emissão de Gases de Efeito Estufa durante o processo de transporte, e realizar o plantio de árvores para compensar os impactos negativos foram algumas das ações adotadas.

Alguns dos produtos que não fazem mais parte da produção da Mercur, por exemplo, são os destinados a pisos e revestimentos e produtos de educação licenciados por marcas infantis. Entendemos, junto a profissionais da educação e professores, que esses últimos produtos reforçam desigualdades econômicas dentro de sala de aula. Inclusive, um Guia de Relacionamento com o Público Infantil foi criado para orientar ações.

Outra medida foi a decisão de sair de mercados, que de certa forma não valorizam a vida, como o mercado de agrotóxicos, de tabaco, de armamentos, entre outros.

“Não adianta termos um monte de coisas, retirando insumos da natureza, e isso ficar no estoque. Nosso objetivo é fazer menos e melhor, trazendo produtos mais duradouros”, relata Kappaun.

Essas decisões geraram impacto financeiro na Mercur, mas, durante todo o processo de Virada de Chave, nenhum dos colaboradores foi dispensado. Todos que trabalhavam em segmentos que foram descontinuados foram realocados dentro da empresa.

O que é decrescimento econômico?

O decrescimento econômico é uma teoria de gestão que questiona: “é necessário sempre crescer? Ou é possível abrir mão de algo no meio do caminho para um futuro mais próspero?”. Foi dentro dessa ideia de gestão responsável que a Mercur caminhou rumo aos seus 100 anos de existência.

A principal questão do decrescimento econômico é tornar fatores como saúde, educação e desigualdade social como itens a serem observados como prioridade por uma organização. A teoria do decrescimento econômico é desassociar as ideias de que o bem-estar social está ligado diretamente ao crescimento financeiro.

Além disso, a prática pode ser vista como forma de fomentar economias locais e reduzir desigualdades econômicas. A Mercur tem diversas iniciativas sociais e ambientais em seu modelo de atuação. Conheça algumas delas no Relatório de Impactos 2022.