É possível ter um consumo consciente de material escolar?

Neste texto você vai encontrar:

• 5 dicas para analisar a lista de materiais escolares
• Como ensinar as crianças sobre consumo consciente de material escolar
• Qual o papel da família e da escola ao ensinar sobre consumo consciente
• Como falar sobre sustentabilidade com as crianças 

Você sabe quanto as famílias brasileiras gastam na compra de materiais escolares? Em 2024, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e QuestionPro apontou que o valor chega a aproximadamente R$ 49,3 bilhões, um aumento de 43,7% em relação aos últimos quatro anos. 

De acordo com a pesquisa, esse valor afeta o orçamento de pelo menos 85% das famílias brasileiras com crianças e adolescentes em idade escolar. 

É possível economizar na compra de materiais escolares?

Sim, é possível ter um consumo consciente na compra e utilização dos materiais escolares das crianças. O pedagogo Renan Procopio de Assis explica que a análise da lista de materiais escolares é uma etapa importante para evitar excessos e desperdícios de itens que são exigidos pelas escolas.

Confira 5 dicas de como analisar a lista de materiais escolares:

1. Consultar o histórico de uso de materiais: Observe o que a criança realmente usou no ano anterior. Às vezes, materiais que pareciam essenciais no início do ano acabaram não sendo necessários ou utilizados com frequência.
2. Priorizar itens fundamentais: Foque nos materiais básicos, como lápis, cadernos, borracha, corretivo, canetas e mochilas adequadas. Itens como materiais decorativos ou específicos (lápis de cor caros e ferramentas de arte elaboradas, por exemplo) podem ser comprados posteriormente, conforme a necessidade.
3. Investir em qualidade ao invés de quantidade: Em vez de comprar em grande quantidade, procure investir em materiais de qualidade que durem mais tempo, como cadernos, mochilas e estojos, que não precisem ser trocados com frequência.
4. Perguntar sobre substituições: Caso a lista peça materiais caros ou específicos, pergunte se existem alternativas mais acessíveis. Muitas vezes, um simples substituto pode ser igualmente eficaz para o aprendizado.
5. Adiar compras de itens não urgentes: Alguns itens podem ser adquiridos ao longo do ano, à medida que surgem necessidades reais na escola, como materiais para atividades específicas ou projetos de arte.

Renan explica ainda que desta forma os pais conseguem fazer uma análise crítica da lista de materiais, evitando gastos excessivos e garantindo que o que é comprado realmente contribua para o aprendizado da criança.

Como ensinar as crianças sobre o consumo consciente?

Além do aspecto financeiro, um dos principais desafios das famílias é ensinar as crianças sobre a importância de um consumo consciente. É muito comum que na compra de materiais escolares, as crianças peçam novos materiais, mesmo não precisando.

O pedagogo Renan Procopio Assis destaca que é preciso conversar com os filhos sobre a importância de consumir apenas o necessário e de cuidar dos materiais escolares, a fim de desenvolver uma consciência sobre a sustentabilidade, o valor das coisas e a responsabilidade pessoal. Confira algumas dicas importantes:

Explicar sobre o valor do dinheiro e dos materiais

Explique de forma simples o custo envolvido na compra dos materiais e como isso impacta o orçamento familiar. Por exemplo, você pode dizer: “Cada item que compramos custa dinheiro, e podemos usar esse dinheiro para outras coisas importantes”.

“Relacione a ideia de ‘consumo consciente’ com a valorização dos recursos. Ensinar que ‘não precisamos de muito para aprender’ ajuda a criar uma mentalidade mais focada no essencial”, explica Renan. 

Envolver a criança nas decisões       

Quando possível, envolva a criança na escolha dos materiais escolares, ajudando-a a entender quais são realmente necessários e quais são apenas “extras”. Isso também pode ser uma oportunidade para explicar as opções de qualidade e durabilidade, ao invés de quantidade.     

Peça para que ela ajude a organizar os materiais do ano anterior, avaliando o que pode ser reutilizado: pode ser uma boa oportunidade para ensinar sobre a importância de não desperdiçar.

Mostrar exemplos práticos de sustentabilidade

Ensine boas práticas de cuidado com o meio ambiente, como reutilizar cadernos, estojos e até as capas dos livros. Se possível, incentive o uso de materiais reciclados. Diga algo como: “Reutilizando os cadernos, podemos evitar que mais árvores sejam cortadas, ajudando o planeta.”

Reforçar a importância da responsabilidade       

Ensine que, ao cuidar dos materiais escolares, a criança também está se responsabilizando pelo seu aprendizado. Por exemplo: “Quando você organiza seus cadernos, fica mais fácil de estudar e aprender. Isso mostra que você é responsável pelos seus próprios estudos.”

Encoraje a criança a perceber que manter os materiais organizados também reflete a organização em sua vida acadêmica e pessoal. 

Renan explica que por meio dessas estratégias é possível observar uma mentalidade de consumo responsável e o cuidado dos materiais de forma duradoura, valorizando lições sobre respeito aos recursos e à responsabilidade.

“É importante também lembrar-se de elogiar sempre que a criança demonstrar atitudes de cuidado com seus materiais ou optar por usar de forma mais consciente. Por exemplo: ‘Fiquei muito orgulhoso de ver que você guardou seu estojo com tanto cuidado. Isso mostra que você está sendo responsável”, explica o pedagogo.

Como a família e escola podem ajudar no ensino do consumo consciente?

É importante desenvolver um olhar atento das crianças em relação ao consumo, o que ajuda principalmente na escolha dos materiais escolares. De acordo com Renan, este é um passo importante para formar indivíduos conscientes e responsáveis. 

“Para isso, os pais e a escola podem adotar algumas abordagens que incentivem a reflexão e a tomada de decisões mais ponderadas sobre o que é realmente necessário. Ensinar as crianças sobre o impacto do consumo no meio ambiente e na sociedade”, explica Renan.

O pedagogo explica que é possível falar com as crianças relacionando o excesso da produção de materiais escolares com os impactos nos  recursos naturais e geração de resíduos. “Quando compramos muitos materiais que não precisamos, estamos contribuindo para o desperdício e afetando o planeta.”

Fale de sustentabilidade com as crianças

O pedagogo explica que introduzir conceitos básicos de sustentabilidade, como reciclagem, reutilização e o ciclo de vida dos produtos é essencial. Por exemplo, ao comprar um caderno novo, converse sobre o que acontece com os cadernos velhos e como é possível prolongar a vida útil de um item.

Renan dá uma dica importante para as famílias no momento de fazer compras do material escolar, peça para que a criança pense sobre o que ela vai realmente utilizar durante o ano. “Você vai usar essas canetas coloridas em todas as matérias, ou seria melhor ter uma caneta simples para o dia a dia e comprar as outras apenas quando precisar?”

Outra dica interessante é ensinar a criança a diferenciar o que é realmente necessário do que é apenas um “desejo de consumo”. 

Por exemplo, em vez de comprar materiais apenas porque são populares ou têm personagens de moda, incentive a criança a pensar se eles realmente ajudarão no aprendizado.

Qual o papel dos pais no consumo consciente de material escolar?

Os pais podem ensinar os filhos a cuidar bem dos seus materiais escolares e incentivá-los a reutilizar itens do ano anterior, como cadernos com poucas páginas usadas, lápis, canetas e estojos. 

Isso pode ser uma maneira prática de aplicar os conceitos de sustentabilidade e economia em casa.

Além disso, os pais podem fazer com que as crianças se envolvam no processo de organização, avaliando o que pode ser reaproveitado e o que precisa ser substituído.

“Ao promover a reutilização e a troca de materiais escolares, tanto a escola quanto os pais ajudam a formar uma geração mais consciente e responsável, além de contribuir para a redução do impacto ambiental e para o fortalecimento de valores como colaboração e sustentabilidade” , conclui Renan.