Aprendizagem para a vida foi tema de encontro na Mercur
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No dia 22 novembro a Mercur e o Portal Lunetas, integrante do Instituto Alana, realizaram um bate papo com colaboradores sobre o tema “Aprender para a vida”. A conversa antecedeu o evento do dia 23 de novembro, o Lunetas Avista, iniciativa que busca conhecer de perto as múltiplas infâncias do Brasil.
Com os temas “Aprender para a vida” (22) e “Como criar um espaço livre para a criança ser?” (23), os dois encontros reuniram especialistas para a reflexão e troca de experiências sobre desafios e possibilidades de transformar a infância na comunidade, na família e na escola. Cerca de 120 pessoas participaram da ação que aconteceu em um final de semana cheio de aprendizados no Laboratório de Inovação Social da Mercur.
O que é aprender para a vida?
Na sexta-feira o evento foi interno e reuniu colaboradores que atuam em diferentes áreas. O facilitador da Mercur Jorge Hoelzel Neto e o historiador Fernando Leão, vice-presidente do Instituto Caminho do Meio, foram os painelistas do dia. Um vídeo sobre a escola Vila Verde, situada em Alto Paraíso (GO) e a dinâmica “O que é aprender para a vida?” serviram para aquecer o debate com os participantes.
A conversa abordou aprendizados que ocorrem na escola, mas também no trabalho e foi mediada pela jornalista Renata Penzani, do Portal Lunetas. Jorge compartilhou as experiências da Mercur, que acredita na aprendizagem como algo que acontece durante toda a vida. Segundo ele, é por isso que a empresa criou uma área específica para tratar deste tema, uma área de aprendizagem que promove espaços para descobertas e diálogos busca oportunizar que cada colaborador conheça e reconheça suas habilidades para exercê-las de maneira que façam sentido nos contextos de suas vidas.
Fernando Leão compartilhou com os presentes a sua experiência pedagógica de mais de 30 anos de atuação na área da Educação e a crença de que se aprende quando o interesse é genuíno. Ele falou ainda das cinco inteligências da Educação presentes nas escolas do Instituto Caminho do Meio: a do acolher, do oferecer, do estruturar, da causalidade e do libertar. Sobre essa última, ressaltou a importância de olhar o outro sem rótulos, como um indivíduo que também tem uma história de vida, o que, acredita, torna mais fácil a conexão e a construção de relacionamentos.
“Quando foi que a gente deixou de ficar feliz pelo outro? A gente precisa se alegrar com a alegria do outro, assim como uma professora fica feliz quando vê que um aluno seu aprendeu a ler”, comentou.
Os painelistas da sexta-feira (22) falaram também sobre o papel do erro no processo de aprendizagem. “O erro só é erro quando há dolo, quando há intenção”, ressaltou Fernando. Em seguida Jorge contou que o papel do erro foi ressignificado na Mercur, fabricante de borrachas há mais de oito décadas, junto com outras tantas mudanças que ocorreram em sua virada de chave.
“E se a partir do erro passássemos a ver um caminho para inúmeras possibilidades? Se todas as respostas já se encontrassem ditas a partir do momento em que nascemos, quantas novas oportunidades deixariam de existir? Entender o papel do erro como um impulso para novos horizontes é nos permitir vivenciar experiências sem medo de errar”, diz o manifesto de uma borracha que integra uma série de novos produtos da Mercur criados para promover reflexões.
“Tem a ver com o que estamos vivendo. Eu aprendo quando estou vivendo. Eu vou na escola e preciso saber coisas técnicas, temos treinamentos técnicos na empresa, mas o aprendizado mais importante é o aprender a viver, pois fazemos parte de uma comunidade humana. Se a gente não souber o nosso papel, não saberemos viver. Todo mundo tem um pouco para aprender e para ensinar e é quando a gente está convivendo com as pessoas que a gente aprende e ensina. O maior aprendizado que temos é justamente no convívio com as pessoas. Estamos vivendo em um mundo hiper polarizado, precisamos nos colocar à disposição como aprendizes para conseguir nos conectar com o outro”, ressaltou Jorge.
Fernando também compartilhou algumas de suas vivências. “Eu lembro uma vez que estava fazendo um teste para entrar em uma escola. A diretora olhou para mim e perguntou: como você faz para criança que não quer, aprender? Olhei para ela e disse: desculpa, não entendi a pergunta. Mas a minha resposta foi de que a criança sempre quer aprender, ela pode estar querendo aprender o que não quero ensinar. E esse é outro problema, um problema de ensinagem, e não de aprendizagem”, compartilhou.
Fernando disse ainda aos presentes que “Educar é tirar de dentro. O aprendizado está dentro de cada um de nós. Temos que deixar vir, habitar e florescer. Quando eu ressignifico essa relação de aprendizagem e ensinagem, o aprender vira descobrir”. E mais, ele acredita que além do aprender, também é importante desaprender. “Quando repensamos hábitos e atitudes, abrimos janelas para que novas oportunidades possam vir. O que mais ensina são as relações. É poder sentar junto, olhar, poder tocar no outro, falar e ver como o outro reage”, completa.
Andreia Vogt, que atua na área Financeira da empresa, entende que o tema das reflexões feitas no dia se constitui como uma caminhada, pois aprendemos diariamente nas nossas relações, na nossa disponibilidade em estar com as pessoas e nas nossas descobertas.
“Foi uma tarde muito legal, com momentos de reflexão, trocas, conversas significativas e inspiradoras sobre educação por meio de temas como aprendizagem/ensinagem, autonomia e responsabilidade. Todos os conteúdos foram relacionados no ambiente escolar, corporativo e no nosso dia a dia. Uma das falas durante o painel consegue resumir isso: “O ser humano é um aprendiz”.
Sobre o Portal Lunetas
O Lunetas é um portal de jornalismo para famílias e interessados na temática da infância. O site é uma iniciativa do Alana, organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. O objetivo é disseminar informações, contar histórias, provocar reflexões, inspirar atitudes e explorar múltiplos olhares para as muitas infâncias do Brasil.
Sobre o Instituto Alana
O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão “honrar a criança”.
Sobre a Mercur
Presente nas áreas de Saúde e Educação, a proposta da Mercur, hoje com 95 anos, é atuar em função das pessoas. Sua forma de trabalho é centrada em atender necessidades específicas para a promoção de autonomia, bem-estar social e ambiental. Na área da Educação há mais de 80 anos, a organização entende a aprendizagem como algo que vai muito além de conteúdos restritos a uma sala de aula, mas como uma jornada contínua, na qual o indivíduo aprende, experimenta, empreende e se legitima ao compreender a si mesmo e ao outro: uma educação para a vida. Além das tradicionais borrachas de apagar, entrega recursos que incentivam o uso compartilhado, o consumo responsável e são compostos com matérias-primas renováveis, buscando causar o menor impacto possível ao planeta, além de recursos de Tecnologia Assistiva.
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