Saúde

Quais as mudanças no ciclo do sono para pessoas idosas?

Publicado em: 17 de dezembro de 2024

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

Por: Arquipélago

Aplicar técnicas como a higiene do sono podem melhorar a qualidade do sono e contribuir para a manutenção da saúde de pessoas idosas

Neste texto você vai encontrar:

  • Como as mudanças no sono afetam a rotina diária?
  • O que contribui para a má qualidade de sono das pessoas idosas?
  • A fisioterapia pode ajudar no ciclo do sono de pessoas idosas?
  • O que é higiene do sono?
  • Dicas para realizar a higiene do sono

Conforme a idade vai avançando, é comum que a rotina da pessoa mude. Seja em função da disposição, humor, capacidade física ou o sono, é preciso fazer alguns ajustes. 

A pesquisa “Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento”, publicada em 2019 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) aponta que 45% das pessoas idosas no Brasil apresentam distúrbios do sono, principalmente pessoas entre 75 e 79 anos. 

Aline Azevedo de Oliveira é fisioterapeuta e especialista quando o assunto é o ciclo do sono para pessoas idosas. Ela destaca que o ciclo do sono de jovens e idosos varia consideravelmente:

“Jovens tendem a ter um sono mais profundo, com maior duração das fases de sono REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês), que são essenciais para a consolidação da memória e o descanso mental. Já os idosos passam menos tempo no sono profundo e têm uma maior fragmentação do sono, acordando mais vezes durante a noite”.

A especialista ainda explica que é comum que idosos sintam sono mais cedo e despertem nas primeiras horas da manhã, devido à mudança no ritmo circadiano. 

“Muitas pessoas com mais de 65 anos podem se identificar ao lembrar de como, na juventude, era fácil ‘dormir até tarde’ e de como, com o tempo, essas manhãs precoces passaram a se tornar mais frequentes”, afirma.

Como as mudanças no sono afetam a rotina diária?

A produtividade no dia a dia está completamente ligada à qualidade do sono. Aline destaca que quando uma pessoa idosa não tem uma boa noite de sono, tende a se sentir cansada, podendo apresentar quadros de confusão mental e dificuldade de realizar tarefas comuns, como cozinhar e até mesmo caminhar.

“Isso aumenta o risco de quedas, uma das maiores preocupações nessa faixa etária. Imagine um idoso que, após noites mal dormidas, sente dificuldade para prestar atenção no trânsito ao atravessar a rua – o impacto é significativo. Além disso, a falta de sono pode agravar doenças crônicas, como hipertensão, e comprometer a autonomia, levando à dependência de familiares ou cuidadores”, ressalta a fisioterapeuta.

O que contribui para a má qualidade de sono dos idosos?

Além das alterações naturais causadas pelo envelhecimento, diversos fatores podem interferir no sono de pessoas idosas. 

Doenças crônicas como artrite, hipertensão ou diabetes, uso de medicamentos que afetam o sistema nervoso, e até questões emocionais, como ansiedade e depressão podem afetar o ciclo do sono.

Aline explica que condições como apneia do sono (parada respiratória ao dormir) e síndrome das pernas inquietas (movimento involuntário das pernas) são comuns nessa faixa etária. 

“Um idoso que já sente dores articulares ao deitar, precisa levantar várias vezes para ir ao banheiro e ainda sofre com preocupações diárias – tudo isso se soma para dificultar um sono restaurador”, pontua. 

A fisioterapia pode ajudar no ciclo do sono de idosos?

Aline Azevedo de Oliveira, especialista em sono, explica que a fisioterapia pode ser uma grande aliada para o sono, tanto pensando nos distúrbios respiratórios e não respiratórios do sono, quanto na inatividade física e seu impacto na saúde geral.

Em casos de distúrbios respiratórios, o profissional de fisioterapia especializado em sono pode ajudar na adaptação do paciente ao CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) e acompanhar o tratamento, além disso esse profissional pode orientar quanto à aplicação de técnicas de higiene do sono.

“Para pessoas idosas com doenças pulmonares e/ou alguma cardiopatia, a reabilitação funcional faz toda a diferença na qualidade de vida, reduzindo a fadiga, garantindo força muscular respiratória e melhor condicionamento cardiorrespiratório”, explica. 

De acordo com a fisioterapeuta, para pessoas  idosas que convivem com dores crônicas e dificuldade de mobilidade, a fisioterapia gerontológica ajuda no alívio das dores que podem fragmentar o sono através de técnicas específicas como alongamento, fortalecimento muscular e terapia manual.

“Com noites de sono reparadoras e uma rotina mais funcional, com independência e autonomia, os idosos sentem-se mais dispostos a realizar suas atividades diárias e consequentemente ter um envelhecimento bem sucedido”, conclui. 

O que é higiene do sono?

A higiene do sono é como um ritual de autocuidado que beneficia não apenas o sono, mas a saúde como um todo. É fundamental para todas as pessoas, mas principalmente para pessoas idosas, pois leva a adotar práticas e hábitos que promovem um sono de melhor qualidade. 

Ajustando a rotina com práticas como diminuir a luz, criar um horário fixo para dormir e usar uma máscara para repouso, é possível perceber uma melhora significativa na qualidade do sono e, consequentemente, na disposição ao longo do dia. 

Além disso, para pessoas idosas que sofrem com problemas circulatórios e reumáticos, usar uma luva térmica, que permita a aplicação de calor e frio terapêuticos, promove alívio dos sintomas e, consequentemente, garante uma noite de sono mais tranquila.  

5 dicas para realizar a higiene do sono

A fisioterapeuta especialista em sono Aline Azevedo de Oliveira separou cinco dicas de como realizar a higiene do sono:

1.Manter horários regulares: deitar e acordar no mesmo horário diariamente ajuda o corpo a se ajustar.

2.Evitar cochilos longos durante o dia: limitar o tempo de descanso diurno a 20-30 minutos impede que o sono noturno seja prejudicado. E, de preferência até as 15h para não impactar no sono da noite.

3.Criar um ambiente propício ao sono: garantir um quarto escuro, silencioso e confortável é essencial.

4.Evitar estimulantes: reduzir o consumo de cafeína, nicotina e álcool, especialmente no período da tarde e noite.

5.Praticar atividades físicas moderadas: exercícios regulares promovem um sono mais profundo, mas devem ser feitos em horários adequados, evitando esforços intensos à noite.

 

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