Saúde

Almofada para amamentação de gêmeos pode reduzir desafios

Publicado em: 23 de janeiro de 2025

Tempo estimado de leitura: 19 minutos

Por: Arquipélago

Com a chegada de dois bebês ao mesmo tempo, o trabalho dobra. Entenda como criar uma rotina de cuidados e de amamentação com dicas de um especialista

Neste texto você vai encontrar:

  • Quais os cuidados práticos na rotina com gêmeos?
  • Cuidados na amamentação de gêmeos
  • Quais as melhores posições para amamentar gêmeos?
  • Quais recursos podem ser usados na amamentação de gêmeos?
  • Casos de hiperlactação são comuns em mães de gêmeos?

 

Se cuidar de um bebê já é um grande desafio, principalmente para pais de primeira viagem, imagine com a chegada de duas crianças. Desafio em dobro, que uma parcela crescente de pessoas tem vivenciado. 

Uma pesquisa de Oxford apontou que nos últimos 30 anos, a incidência de nascimento de gêmeos aumentou pelo menos 10% em 70 países, incluindo o Brasil e em alguns lugares esse número chegou a 30%.

A amamentação é um dos momentos mais importantes para o desenvolvimento dos pequenos, mas quando é preciso dividir os cuidados entre duas crianças, muitos responsáveis se sentem perdidos. 

Rotina de cuidados da família

O pediatra Flaylson Moura explica que a fase que envolve os primeiros meses de vida das crianças é uma das mais intensas, do ponto de vista emocional, mas também de desenvolvimento das crianças e dos responsáveis. 

“Quanto aos cuidados, é preciso redobrar a atenção porque são dois”, relata o pediatra.

Ele explica que aspectos como o sono, a alimentação, a saúde da pele, a higiene pessoal e a rotina dos bebês são os principais desafios, em particular porque a atenção deve ser multiplicada por dois.

De acordo com o pediatra, é importante que os pais tenham ajuda tanto para a realização das atividades do dia a dia, quanto um apoio psico-social.

“Essa rede de apoio não vai ajudar só a cuidar das crianças, ela também é essencial para o cuidado com os pais, porque muitas vezes eles acabam desviando o foco do autocuidado para o cuidado com o próximo. Então essa rede de apoio é de extrema importância no cuidado e na rotina com os filhos gêmeos”, afirma Flaylson. 

Quais os cuidados práticos na rotina com gêmeos?

O médico explica que a criação de uma rotina de vida em família é a palavra chave para ter mais atenção aos cuidados que são destinados aos pequenos nos primeiros meses de vida. 

Uma das questões que envolvem os cuidados de higiene dos gêmeos é a troca de fraldas com frequência. O pediatra Flayson Moura explica que é preciso trocar as fraldas com uma maior frequência para evitar assaduras e infecção urinária. 

Flaylson alerta que o momento de troca de fraldas exige bastante atenção, e deve ser feito com apoio no caso de gêmeos. 

“Na questão da troca de fraldas, geralmente os pais vão precisar, sim, de ajuda, porque se só um estiver sujo, por exemplo, tem que tomar cuidado com o outro, porque os acidentes domésticos acontecem com muita frequência”, relata.

A higiene dos bebês também é muito importante para prevenir infecções e irritações na pele, seguindo as orientações médicas para o uso de produtos adequados.

“Não passar perfumes no bebê e não dar todos os banhos com shampoo e sabonete  (deixando o banho mais completo só uma vez ao dia), focando em refrescar ou só higienizar a região íntima, são algumas indicações importantes”, esclarece o pediatra.

Cuidados na amamentação de gêmeos

Os cuidados e decisões sobre a alimentação e a amamentação dos gêmeos é um trabalho realizado em conjunto entre os responsáveis e a pessoa profissional pediatra.

“Quando os pais decidem que tem condições de fazer o aleitamento materno exclusivo, é importante lembrar que essa rotina alimentar deve ser feita com uma frequência maior, várias vezes ao dia para ambos os bebês. Eles devem ter um cuidado redobrado em sempre alimentar os dois” afirma.

Flaylson explica que os pais podem se apoiar também em uma pessoa consultora de amamentação para evitar complicações relacionadas à amamentação, como fissuras, mastite, ingurgitamento mamário e garantir uma boa pega dos bebês.

Quais as melhores posições para amamentar gêmeos?

Sobre o posicionamento e técnicas de amamentação, o médico pediatra explica que existem diversas, mas que é importante lembrar que para o sucesso do aleitamento materno é preciso que, além do posicionamento adequado, a pega no seio materno seja adequada. 

Existem várias posições de amamentação, inclusive algumas que são mais indicadas para gêmeos. 

“Caso a mãe queira amamentar as crianças simultaneamente, ela pode usar a posição do jogador de futebol americano, que é quando os bebês vão ficar lado a lado da mãe, debaixo de cada braço. E também tem a que a gente chama de posição cruzada. São as duas mais comuns usadas. A posição cruzada é quando o bebê vai ser amamentado no colo da mãe, lado a lado” explica Flaylson.

Quais recursos podem ser usados na amamentação de gêmeos?

O médico aponta que existem recursos como a almofada para amamentação de gêmeos pode ser de grande ajuda durante o período.

“Ela proporcionará vários benefícios, como oferecer suporte aos bebês, que ficarão mais seguros e confortáveis. Além disso, ao estar no colo da mãe, a almofada dará estabilidade e apoio adicional aos bebês”, afirma.

O uso da almofada para amamentação de gêmeos também reduz a tensão corporal, já que a mãe não precisa ficar segurando os bebês simultaneamente. Isso permite que ela consiga relaxar mais.

“Se é mais fácil estar posicionado, a mãe consegue ter uma pega de melhor qualidade e quando esse binômio funciona, a mãe tem sucesso no aleitamento” explica o pediatra.

Quais os benefícios da amamentação?

Segundo o pediatra, o leite materno é de fácil digestão e naturalmente adequado para o consumo, evitando empachamento e a necessidade de aquecimento. 

O leite materno expõe o bebê a diversos sabores da dieta materna e é nutricionalmente completo, fornecendo macronutrientes, micronutrientes e imunoglobulinas que fortalecem o sistema imunológico. 

Flaylson afirma que a amamentação também promove o desenvolvimento cognitivo e muscular da boca e mandíbula. A longo prazo, ajuda na prevenção de diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão, dislipidemias, asma, alergias alimentares e rinite alérgica.

Os benefícios da amamentação não são somente para os bebês, o pediatra Flaylson Moura fala que há benefícios também para a mãe.

“Para a mãe, existe o menor risco de sangramento pós-parto, uma menor probabilidade de outra gestação durante o período de aleitamento materno e também o menor risco de depressão de pós-parto, de câncer de mama, câncer de ovário, quadros de osteopenia ou osteoporose. Além disso, a mãe que amamenta tem um gasto energético adicional que vai auxiliar na perda de peso no pós-parto”, explica o pediatra Flaylson Moura.

 

Casos de hiperlactação são comuns em mães de gêmeos?

De acordo com o pediatra, a hiperlactação é comum nas gestações múltiplas, e isso está associado ao aumento da produção hormonal.

“Na gestação de múltiplos há um aumento na produção de alguns hormônios da mulher, por exemplo, o estrogênio e a progesterona. Esse aumento na produção de hormônios pode afetar sim o aumento na produção de leite, outro fator pode ser também o próprio aumento do tecido mamário que pode contribuir para o aumento da produção de leite” relata.

Outro fator é a própria demanda por leite: o corpo vai se adaptar para produzir mais leite porque a sucção no seio materno estimula também o aumento da produção de leite.

Um recurso que pode ser usado nestes casos é a bomba tira leite: o médico explica que o uso da bomba minutos antes do aleitamento pode aliviar o ingurgitamento mamário e, assim, evitar o desconforto materno.

“Com esse recurso, a mãe consegue fazer com que o leite saia num fluxo e numa quantidade mais adequada para que a criança consiga abocanhar o seio e assim se alimentar adequadamente. Dessa forma também, ela consegue esvaziar a mama um pouco antes, tendo um controle desse fluxo do leite, na injeção do leite para a boca da criança durante o movimento da mamada”, ressalta o pediatra Flaylson Moura.

Ele reforça que o aleitamento materno exclusivo é o recomendado até os seis meses de vida pela Sociedade Brasileira de Pediatria e algumas outras instituições internacionais, desde que haja condições para isso.

“Quando falamos em condições inclui a vontade expressa da mãe, os pais possuírem uma rede de apoio adequada, que vão cuidar não só dos bebês, mas também cuidar dessa mãe, cuidar desse pai, para que eles possam ter momentos de descanso, porque tudo isso influencia também de certa forma a produção de leite” afirma.

Flaylson explica ainda que caso a mãe não consiga amamentar, não há nenhum demérito no uso de fórmulas infantis na complementação do aleitamento materno. Ele afirma que o importante é que sejam criadas estratégias, junto à pessoa profissional de pediatria, para que o desenvolvimento e o crescimento dos bebês seja adequado.

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