Como promover o protagonismo dos pacientes?
Tempo estimado de leitura: 6 minutos
Quando passamos a ver um paciente como um sujeito ativo em seu processo de recuperação? Quando pensamos em reabilitação, talvez uma das etapas mais importantes esteja na humanização das relações.
Na perspectiva da atenção em saúde tradicional, o “paciente” é diagnosticado e recebe a prescrição de um protocolo pronto de tratamento. Quando mudamos a perspectiva para o conceito biopsicossocial, passamos a ver o “paciente” enquanto uma pessoa que vive um determinado contexto. Mudar esta simples expressão “paciente” para “pessoa” pode parecer algo simplório mas carrega toda uma nova forma de encarar os processos de cura e tratamento.
O primeiro ganho da adoção desta visão é que, quando nos sentimos protagonistas de nossa saúde, aderimos melhor aos processos de reabilitação e tratamento. Consequentemente, os resultados são mais satisfatórios. O usuário sai de uma posição passiva diante da sua saúde e passa a se tornar mais ativo nesse processo, conquistando mais autonomia e maior protagonismo nas tomadas de decisões. Logo, a responsabilidade passa a ser compartilhada. Assim, não é só o profissional de saúde que é o detentor do saber, mas essa pessoa também precisa estar empoderada, ter ações que vão fazer com que ela melhore e tenha uma qualidade de vida melhor.
Outra mudança que decorre desta abordagem é que, com esse olhar mais humanizado, as pessoas se sentem colocadas no centro do processo. Conforme Cristina Fank, terapeuta ocupacional, ao colocar o usuário no centro e não a doença, a aderência ao tratamento é sensivelmente melhorada. “Ele se sente muito mais acolhido, se sente respeitado enquanto sujeito. Sente que o profissional está olhando pra ele com uma empatia muito maior. Isso faz com que o vínculo com o profissional de saúde seja mais efetivo”, analisa a terapeuta.
Uma mudança que já vem acontecendo
A mudança de paradigma na saúde já vem acontecendo. A Organização Mundial de Saúde tem abordado o modelo biopsicossocial há bastante tempo. O processo de disseminação de informação e conhecimento iniciado pelo avanço da internet acelerou ainda mais essa conscientização. Os próprios pacientes já chegam aos profissionais com uma carga de informações.
“Mas, temos de lembrar que informação é diferente de conhecimento. Então, o papel do profissional é imprescindível nesta jornada. A informação se acha facilmente na internet, mas o mesmo não ocorre com o conhecimento. Acredito que para os profissionais que adotam a abordagem biopsicossocial, muda muito a questão do vínculo terapêutico. A confiança que se estabelece na relação entre o profissional e o seu cliente é enorme. O olhar fica mais empático, a relação se estabelece de outra forma”, avalia Cristina.
E os ganhos não são apenas do ponto de vista profissional. “Eu penso que os profissionais da saúde têm muito a ganhar com esse olhar mais humanizado e mais empático. Isso vai além da vida profissional, esta abordagem muda a vida do terapeuta, a forma de enxergar seus pares, seus clientes, o profissional se enxerga fazendo a diferença na vida deles. A gente deixa de olhar apenas para uma doença e tratar apenas um aspecto da vida e conseguimos fazer muito mais diferença na vida dos clientes quando a gente realmente consegue enxergar eles como um todo. No modelo biopsicossocial a pessoa é protagonista no seu processo de saúde. Ela precisa ser escutada, olhada como um ser integral que carrega uma história de vida, composta por diferentes fatores biopsicossociais”, sinaliza a terapeuta.
Protagonismo que perpassa serviços e produtos
Não é somente nos serviços (profissionais da saúde) que está a responsabilidade em permitir o protagonismo dos usuários. Eles também devem estar no centro do desenvolvimento de produtos de Tecnologia Assistiva.
“O nosso olhar enquanto uma indústria também mudou a partir da construção deste novo prisma. A gente acabou modificando o nosso processo de desenvolvimento de produtos, porque antes tinha o produto no centro do processo. E agora, com essa mudança do olhar que aconteceu a partir de 2009, passamos a colocar as pessoas no centro do processo. A gente entendeu que elas tinham um papel fundamental. Elas sabem quais são as necessidades que elas tem. Muitas vezes elas tem muito a contribuir com a solução também. Então, a gente entendeu que precisávamos nos aproximar das pessoas para descobrir as suas necessidades e pensar junto com elas as soluções”, finaliza Cristina.
Quer saber mais sobre como a Tecnologia Assistiva pode empoderar?
Você é nosso(a) convidado(a) a participar gratuitamente do webinar sobre “Como tornar o cotidiano das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida mais simples através dos recursos de Tecnologia Assistiva da Mercur”. Partiu construir coletivamente novas formas de encarar a saúde? Clique aqui e tenha acesso ao conteúdo.
Para receber mais conteúdos como este, inscreva-se em nossa newsletter.
Você receberá uma resposta em breve.
Deixe um comentário