A importância das atividades manuais para o desenvolvimento das crianças
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Será que as crianças conseguem brincar sem a tecnologia? Esta é uma das questões que desafia constantemente pais e educadores. A boa notícia é que é possível equilibrar o uso de tecnologias e das atividades manuais, que contribuem para o desenvolvimento dos pequenos. Para entender mais, continue a leitura.
A infância é uma das melhores fases da vida, é nessa etapa que começamos a descobrir o mundo e explorar tudo que há nele.
Hoje em dia, com a grande gama de aparelhos e tecnologias, as formas de brincar dos pequenos mudaram.
No entanto, nessa jornada de descobertas, incentivá-los a realizar atividades manuais como pintar, recortar, montar e criar, podem ser ótimas aliadas, como comenta a pedagoga colaboradora da Mercur, Márcia Murillo.
“Atividades manuais, ou de experimentação, são oportunidades que a criança tem de perceber o mundo em que vive e descobrir como as coisas funcionam.”
Além das atividades mais formais e dirigidas pela família, ou por professores e cuidadores, existem as atividades exploratórias realizadas pela própria criança.
Elas podem ser incentivadas a partir do acesso a diversos materiais, como tesouras, colas, papéis coloridos, barbantes, brilhos, entre outros. “Instigar e provocar as crianças a se desafiarem, anima e empolga as mesmas a buscarem saber, tentar, perguntar e, principalmente, investigar”, ressalta a pedagoga.
Mas tudo isso deve ser feito com cuidado, considerando a idade da criança e o espaço que ela terá em casa para dedicar-se às atividades.
Márcia salienta a importância de ter cuidado para que esses momentos não virem um desagrado para a família, vistos como “bagunças” e “sujeiras”.
Para as brincadeiras propostas darem certo, é preciso realizar combinados prévios com a criança sobre o planejamento e organização do espaço. Isso pode ser feito de forma coletiva, entre crianças e adultos.
Quais as atividades recomendadas para cada idade?
A cada nova etapa do seu desenvolvimento, a criança conquista novas possibilidades. Por isso, é preciso considerar a personalidade dos pequenos, e não apenas as indicações externas.
Os pais precisam estar atentos, ensinando, acompanhando e incentivando o uso dos materiais pela criança.
“Órgãos reguladores dirão que alguns materiais não são indicados para crianças menores ou maiores do que determinada idade. No entanto, em grupos familiares, por exemplo, onde a criança tem supervisão de um adulto quase exclusivamente para si, ela pode se experimentar com materialidades que, habitualmente, não seriam indicadas à sua idade”, ressalta a pedagoga.
Márcia explica que é comum que os pequenos levem os materiais à boca; afinal, esta é uma das primeiras explorações realizadas pela criança, além de cheirar, colocar em orifícios (nariz e ouvido) e tentar comer os materiais.
Para resolver isso, a dica da pedagoga é ter uma conversa aberta, alertando para os perigos e essas atitudes não necessárias. De acordo com ela, isso pode ajudar a criança a começar a entender que vale mais não fazer dessa forma, do que perder a oportunidade de conhecer mais materiais e experiências.
Além dos materiais, hoje em dia, os pais também precisam lidar com o uso do celular pelos pequenos. Perguntamos para a Márcia se o uso dos aparelhos é indicado para eles.
Criança pode usar celular?
“Sempre pode. Assim como pode usar a televisão, computadores, bicicleta, ou bola. A questão é sempre o juízo de valor que fazemos sobre as coisas.”
Segundo a pedagoga, ela pode entender o porquê do aparelho e para o que ele serve; no entanto, pode ser interessante contar para a criança como ele surgiu e qual o seu fim.
“Tudo, na justa medida, não ocupará espaço de ‘problema’ na vida da criança”, salienta.
Construir combinados de boa convivência com o celular na rotina, é uma boa alternativa. Também é importante considerar o tipo de atividade que a criança irá realizar no celular.
Como driblar o uso de celulares, tablets e afins?
As crianças que já estão imersas neste mundo, serão mais resistentes a saírem dele.
Primeiro, os adultos devem considerar se está havendo um “exagero de telas” e o que isso pode estar causando nas crianças.
Caso haja exagero, a dica é investir nas brincadeiras ao ar livre, ou mesmo nas atividades que a família identifica que sejam de interesse da criança. Outras opções citadas pela colaboradora são:
- Movimentar um corpo que habitualmente está parado atrás das telas.
- Caminhadas por lugares diferentes.
- Coletar elementos da natureza e criar uma coleção da família.
- Apreciar e admirar paisagens.
- Incentivar que as palavras/narrativas da criança possam ser transformadas, para isso, você pode chamar amigos.
- Ampliar e diversificar as experiências, os sentidos e as amizades.
- Visitar lugares na cidade ainda não visitados.
- Construir programas/roteiros semanais com a criança, desenhando um cartaz que possa ser visualizado por ela.
Na primeira infância, os dispositivos tecnológicos são meios bem interessantes de agregar aprendizagem à criança, mas nunca substituem as experiências concretas com as pessoas e as situações do seu entorno — estas, sim, primordiais para a sua formação.
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