Elásticos da Mercur começam pelas mãos dos povos originários
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No mês em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas*, conheça como empresa se relaciona com floresta e matéria-prima.
Por trás dos elásticos que chegam às mãos dos usuários existe um longo caminho que começa, muitas vezes, nas árvores nativas da Amazônia – e passa pela fábrica da empresa Mercur, empresa sustentável no Brasil, localizada no Rio Grande do Sul. De 2009 até 2022, 54 toneladas de borrachas naturais foram compradas pela Mercur na região amazônica, estreitando a relação da empresa com os povos nativos e indígenas.
“Hoje nossa relação proporciona melhor qualidade de vida e geração de renda para comunidade”, conta João Carlos Xypaya da aldeia Tukamã, TI Xypaya, de Altamira, no Pará, um entre tantos guardiões da floresta que fazem parte do projeto Borracha Nativa da Mercur.
A iniciativa compra borracha natural há 13 anos, provenientes de árvores amazônicas, por meio de seringueiros que vivem em quatro áreas protegidas no Pará: Reserva Extrativista Rio Xingu, Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, Reserva Extrativista Rio Iriri e Terra Indígena Xipaya, onde João mora.
João Carlos atua no desenvolvimento de novas práticas junto à sua comunidade, onde é feito o Bloco de Borracha Prensado e a Manta de Borracha Seca (MBS), nos elásticos da Mercur. Em função da demanda pelo látex por parte da Mercur ser maior que a capacidade de produção dos extrativistas, há aquisição de borracha natural também de outras partes do país.
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Desde o início do projeto Borracha Nativa, R$31,5 mil foram gerados de renda local para 933 produtores e 13 etnias. Para 2023, a meta da Mercur é que o uso de matérias-primas de fontes renováveis ou de reuso seja superior a 50,77%, crescendo a cada ano.
Na mesma aldeia de João Carlos, a Tukamã, Kwazady Xipaya é cacique, além de presidente da Associação Indígena Pyjahyry Xipaya. A comunidade fica localizada à margem esquerda do Rio Iriri, fazendo divisa com a Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, em Altamira, Pará, e possui íntima relação com a floresta.
“A gente considera a natureza como uma mãe e manter ela viva é nosso dever, não existimos totalmente sem ela”, enfatiza o cacique.
Os moradores da região contam também com apoio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Socioambiental (Isa). Desde 2016 realizam a venda direta às empresas através da Rede Origens Brasil, da qual a Mercur é integrante. As relações praticadas na Rede permitem contratos de longo prazo, garantia de compra sem restrição de volume mínimo, igualdade nas relações comerciais, além de buscar soluções conjuntas para os desafios que surgem pelo caminho. A Rede tem mais de 40 cantinas, que escoam a borracha, castanha, óleo de copaíba e outros produtos da biodiversidade amazônica.
Esse cuidado reforça o compromisso com as comunidades e o alinhamento com a Visão 2050 da Mercur: A construção de relacionamentos que valorizam a vida é o nosso caminho para viabilizar o futuro.
“Não só as pessoas passam conhecimento, uma terra sadia transmite sabedoria”, sentencia Kwazady Xipaya.
Conheça o Relatório de impactos 2022 da Mercur
Borracha natural ajuda a manter a floresta viva e ressignifica extrativismo
A Mercur, que chega aos 99 anos com o propósito de Cocriar o mundo de um jeito bom pra todo o mundo, marca seu compromisso com uma atuação sustentável participando anualmente da Semana do Extrativismo da Rede Terra do Meio (SEMEX), quando é feita a negociação de preço da borracha. No encontro também se aproximam as relações entre indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares, que produzem a matéria-prima da empresa, com governo e outros compradores como a Mercur.
“Isso reforça nosso propósito como empresa”, destaca Cibele Marisa Mees, analista de comunicação da Mercur que esteve, assim como os representantes dos povos originários, na 9ª SEMEX, realizada no final de maio na Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, em Altamira, Pará.
Por meio do projeto Borracha Nativa, a Mercur contribui com a preservação da cultura dos povos da floresta e consolida reservas extrativistas e terras indígenas.
“Extrativismo parece uma palavra ruim, né? Me trazia esse sentimento de tirar da terra mais do que ela poderia nos dar, mais do que a capacidade dela se regenerar. Uma das primeiras mudanças no meu olhar (participando da SEMEX) foi o modo de enxergar essa palavra. Porque as pessoas que vivem na Terra do Meio, vivem um outro tempo, o tempo da natureza. E eles respeitam o tempo dela. Não fazem mais cortes do que o necessário na árvore Seringueira, por exemplo, para que ela produza mais ou mais rápido”, explica Cibele sobre o processo da borracha natural.
A ideia do projeto surgiu em 2009, quando a Mercur começou a se questionar sobre o seu papel enquanto indústria, e o como poderia trabalhar de uma forma diferente dando mais significado às suas práticas. A partir dessa reflexão, a organização buscou compreender a cadeia produtiva da borracha e ali encontrou uma história de resistência que necessitava de aliados. Tendo conhecimento dessa realidade, a empresa propôs se aproximar dos povos da floresta, para buscar condições de recriar a cadeia da Borracha Nativa da Amazônia, estabelecendo um modelo de comercialização justo e promovendo a reconstrução da cadeia sustentável da borracha. Dessa forma, o resultado desse processo é uma troca comercial que tem um valor que vai além do dinheiro.
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*O Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, foi instituído em 1995, pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de valorizar as culturas e etnias indígenas e refletir sobre a necessidade de diálogo no combate aos preconceitos e racismos contra os povos originários.
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