Gestão responsável

“Conservação e desenvolvimento econômico podem andar juntos”

Publicado em: 19 de dezembro de 2019

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

Por: Engaje! Assessoria de Imprensa

Potencial econômico, inovador e de baixo impacto da Amazônia esteve entre os temas do primeiro Encontro Anual da Rede Origens Brasil e do Seminário Florestas de Valor, realizados no distrito de Alter do Chão (PA).

Nos dias 29 e 30 de outubro aconteceu no distrito de Alter do Chão, em Santarém, no Pará, o primeiro Encontro Anual da Rede Origens Brasil, da qual a Mercur faz parte desde a concepção, em 2016. Foram dois dias de muitas conexões e colaboração entre 140 pessoas. O facilitador Jorge Hoelzel e o colaborador Jovani da Silva foram os representantes da empresa e também participaram, no dia 31 de outubro, do Seminário Florestas de Valor: a economia da floresta em pé.

Os encontros foram promovidos pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Socioambiental (ISA). O selo Origens Brasil foi criado para ligar empresas a produtores locais e instituições sociais. Desde então fortalece a cadeia de produtos como a borracha nativa, matéria-prima adquirida pela Mercur, além de castanha-do-Pará, semente de cumaru, óleo de copaíba e de andiroba e artesanatos. O projeto reúne mais de 1.500 produtores de 36 etnias, 40 organizações de apoio e organizações comunitárias e 15 empresas-membro.

Jorge, que com frequência vai às reservas extrativistas, relata que o objetivo da participação foi a conexão com os povos guardiões da floresta, com as empresas que também estão buscando garantir a permanência deles nos territórios e com as organizações não governamentais que fazem o importante e responsável trabalho de mapear e conectar essas pessoas.

 

Um homem está de pé, sorrindo e olhando para a foto. Ele está ao ar livre em um dia ensolarado.

Facilitador da Mercur, Jorge Hoelzel, acredita que todo desenvolvimento econômico precisa levar em conta os movimentos socioambientais existentes nos territórios. #PraCegoVer Um homem está de pé, sorrindo e olhando para a foto. Ele está em um local ao ar livre com bastante verde, em um dia ensolarado.

 

“Queremos estar junto mesmo, ligados no que está acontecendo no País de forma a poder contribuir cada vez mais com as áreas que têm problemas e encontrar formas de, a partir dessas relações, poder trazer mais materiais renováveis para a empresa. Conservação e desenvolvimento econômico podem andar juntos sim, desde que a gente compreenda de qual desenvolvimento econômico estamos falando. Ele precisa sempre levar em consideração todo o movimento socioambiental que existe no País inteiro, não só na Amazônia”, ressalta.

Ele comenta ainda que o objetivo é cada vez mais juntar pessoas e fazer com que o projeto Origens Brasil se expanda para mais regiões, para que o Brasil possa crescer de uma maneira mais homogênea e sem tanta diferença de recursos investidos entre cidades grandes e pequenas comunidades como a floresta, por exemplo. “Se prevê que no futuro esse projeto possa se expandir para outras regiões do Brasil onde a Mercur também tem buscado outras iniciativas, outros tipos de matérias-primas, como na Mata Atlântica, por exemplo, para trabalhar com outras áreas e pessoas, formando assim diversas redes interessadas na preservação socioambiental”, destaca.

Confira o vídeo referente ao Encontro Anual da Rede Origens Brasil:

Negociação que prioriza a economia solidária

Jovani, que atua no Setor de Compras da Mercur, conta que negociar com esses fornecedores alternativos, que protegem os ecossistemas e valorizam a economia solidária é uma oportunidade de entender toda a cadeia e os impactos que isso traz para o meio ambiente e para as pessoas.

“É um exercício humano de repensar várias coisas quando se está negociando. A gente passa a valorizar outras questões além do financeiro. Esse público se relaciona em outro tempo que o da indústria tradicional, que é mais acelerado. Aprender a respeitar esse tempo maior, programar com antecedência, é um exercício nosso. Ter a oportunidade de conhecer um pouco desses povos, da cultura deles, saber como atuam, as dificuldades que eles têm, nos traz muitos aprendizados. Compreender como funcionam as comunidades de quem estamos comprando foi uma experiência muito rica, relata”.

Ele conta ainda que o que mais lhe marcou foi a percepção de como é preciso detalhar mais, explicar melhor às pessoas o que quer dizer comprar da Amazônia.

 

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Jovani Santos, colaborador da área de Compras, também esteve presente no encontro ocorrido no Pará. #PraCegoVer Um homem está de pé, conversando e olhando para o lado esquerdo da foto. Ele está em um local ao ar livre com bastante verde, em um dia ensolarado.

 

“Esses povos vivem na floresta e gostam de estar lá, eles sabem como protegê-la. O papel que nos cabe não é ampliar negócios ou investir em desenvolvimento, mas respeitar o tempo deles e ajudar para que tenham subsídios que garantam sua permanência nas comunidades e a disseminação de suas culturas. Desta forma, eles podem manter a floresta em pé, evitando aberturas para desmatamento ou grilagem. Temos muito a aprender com o ritmo de vida deles, que é natural, porque eles não vivem só de trabalho, eles dedicam tempo à comunidade, a cuidar de verdade da floresta. Então o que é desenvolvimento da floresta? É fazer com que os povos indígenas e populações tradicionais tenham o que precisam para a subsistência lá e não querer que isso vire uma escala, porque aí vira indústria. Eles têm um papel fundamental na conservação da floresta Amazônica, conhecem profundamente e sabem extrair dela o que há de melhor sem prejudicá-la e fazem isso há séculos”, destaca.

Patrícia Cota Gomes, coordenadora no Imaflora do Origens Brasil, ressalta que o encontro foi um marco histórico para a Rede, para pensar soluções e novos negócios que possam manter a floresta de pé e valorizar as pessoas que vivem nela. Já Aldo Pita, liderança quilombola e membro do Origens Brasil, comenta que o encontro lhe trouxe força para seguir fazendo o trabalho.

“A importância desse encontro para mim é o conhecimento que estou tendo com vários povos que eu só ouvia falar e hoje estou conhecendo. O mais bonito que achei é que todo esse pessoal trabalha de uma forma só, com o mesmo objetivo, eu achava que era só nós, os quilombolas, mas fiquei olhando que ao redor de nós tem várias pessoas com o mesmo objetivo. Pra mim isso significa força, força mesmo”, avalia.

Outra participante, a coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, Ana Cláudia Torres, compartilhou de maneira muito clara a sua visão de conservação: “Eu venho de uma experiência de manejo de recursos pesqueiros com foco no Pirarucu e a gente costuma dizer no território do Solimões que áreas em âmbito de manejo, são áreas de desmatamento zero. Manter a floresta em pé, que são árvores frutíferas, garante o alimento de outros peixes, que vão servir de alimento para o Pirarucu. É a noção mais direta que a gente tem de ecossistema, de que tudo está integrado. E de que o mal à floresta também é o mal aos peixes e consequentemente o mal à população”, compartilha.

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